segunda-feira, 11 de outubro de 2010

- Tudo bem...



...Fora o tédio que me consome
todas as 24 horas do dia,
fora a decepção de ontem a decepção de hoje
e a desesperança crônica no amanhã.
Tenho vontade de chorar,
raiva de não poder.
Quero gritar até ficar rouco,
quero gritar até ficar louco.
Isso sem contar na ânsia de vômito,
reação a tal pergunta idiota!



...Fora tudo isso, tudo bem.


domingo, 1 de agosto de 2010

Oi. *cara de pau*


Férias: tempo


Então, ne. Férias. Não tinha mais desculpa para não postar.
O motivo é que ando sem muita inspiração. Criei esse blog por dois motivos: necessidade e curiosidade (nunca tinha exposto textos publicamente). A curiosidade eu acho que já matei, a necessidade eu não controlo. E, fato, também estava sem tempo.

Como alguns de vocês sabem, eu sou estudante de Engenharia Eletrônica e, amigos, esse fim de período foi um terror! Nunca me vi tão fudida atarefada. Só consegui ficar de férias semana passada, depois de passar por muitos tormentos.
Apesar de tudo isso, eu queria dizer que não gosto de férias. É, eu não gosto. Quando eu era criança eu gostava, agora não mais. E vou explicar porquê.
Quando eu era pequena, morava em prédio e era amiga de muitas outras crianças de lá. Então as férias eram a melhor época do ano, porque eu podia brincar em tempo integral, assistir TV (temos que pegar, pokemon!), organizar campeonatos de dominó e bolinha de gude (mas isso não vem ao caso) e dormir um pouco mais tarde. Enfim, guardo boas recordações desse tempo. Mas agora eu não faço nada. É só nerdar no computador, dormir e eventuais saídas para o cinema, casa de amiga ou alguma festa que provavelmente não vou me divertir.
Portanto, me perdoem os que reclamam do curto período de férias que teremos (as aulas na UFPE começam dia 11/08, ou seja, temos pouco mais de uma semana pela frente), mas pra mim está de bom tamanho. As duas semanas inciais são até boas, porque mesmo sendo um período ocioso, eu fico feliz de não me sentir culpada por não ter que estudar. (Sério. Às vezes me bate um sentimento de culpa, aí eu lembro que eu estou de férias e realmente não tenho nada pra fazer. Aí dá uma sensação de alívio indescritível. Traumas da faculdade).


Férias: erudição


Dessa vez, estou tentando aproveitar as férias pra fazer coisas que tinha vontade de fazer antes e não dava. Então fiz uma lista de, pelo menos, 10 filmes que eu tenho que assistir. A lista é a seguinte:

1. Clube da Luta
2. Magnólia
3. Quero Ser John Malkovich
4. O Homem Duplo
5. Up
6. Pulp Fiction
7. Whatever Works
8. O Declínio do Império Americano
9. Desconstruindo Harry
10. Monty Phyton e o Sentido da Vida

Já assisti alguns, inclusive que nem estão na lista, mas não vou dar nenhum parecer por enquanto. Vou assistir tudo e deixar um possível Top 5 como assunto para um próximo post.
Além dos filmes, também me comprometi a ler, no mínimo, dois livros.
O que estou lendo agora (o primeiro, ainda) é Coração das Trevas, do Joseph Conrad. Esse livro foi ponto de partida para o filme Apocalypse Now!, de Francis Ford Coppola.
Sabendo disso, achei o livro mais interessante ainda. Mas tenho que admitir que, logo no começo, eu quase desistia. Ele é um daqueles livros que o autor passa páginas e páginas descrevendo minuciosamente um ambiente, um sentimento, ou qualquer outra coisa que você provavelmente acha que já deu, já entendeu, não precisa disso tudo. Isso tende a tornar a leitura um tanto enfadonha.
Não sei, posso estar exagerando quanto a esse livro, sei que tem piores por aí (beijos, Proust!), tanto que esse incômodo acabou se desanuviando e eu fui pegando gosto pela leitura. Sério, apesar de tudo que falei, estou gostando do livro. Pretendo até baixar o filme de Coppola depois.


Férias: relações


Além de livros e filmes, eu também saio de casa de vez em quando (sério!). Nem que seja para a casa de alguma amiga, pra algum bar/restaurante. Então essa semana, quando estava indo para parada de ônibus, aconteceu uma coisa bem trivial, mas que me pôs pra pensar um pouco.
Entrei numa rua e, na outra ponta vi uma conhecida vindo na minha direção. Existem três tipos de pessoas que podem cruzar com você na rua:
1 - Pessoas amigas: nesse caso, é quase sempre uma surpresa boa. Você age naturalmente, pára pra conversar, talvez até mude seus planos por causa do encontro.
2 - Pessoas semiconhecidas (ou simplesmente desconhecidas): você sabe onde ela mora ou onde ela estuda, cruza eventualmente pela rua ou por algum corredor, mas nunca falou com ela. Talvez nem saiba seu nome. Quando cruzo com essas pessoas na rua, me desculpem, mas não falo. Sequer olho no rosto. Não sei se estou sendo mal-educada, mas é o meu jeito de lidar com a situação. Simplesmente continuo andando e finjo que nunca vi na vida.
3 - Pessoas conhecidas: esse tipo é o mais complicado, pra mim. Você já falou com essa pessoa, já teve algum convívio, nem que seja num passado remoto. Normalmente, são os amigos daquela sua grande amiga que tava na festa tal dia e até te deu carona, ou o carinha que estudou com você no ensino médio e você até já passou fila pra ele, mas isso tudo ficou lá no colégio. Vocês não se veem, não se falam, no máximo, tem ele no orkut.
Pois bem. Foi com esse último tipo que topei. E ela caminhava há uns 100 m na minha frente, eu acho. Vindo na minha direção. Eu nunca sei o que fazer.

"Será que finjo que não a vi e só dou um "Oi" quando chegarmos perto? Mas aí o que ficarei fazendo até chegarmos perto? Porque está evidente que já a vi. Não, não. Acho que vou olhar logo e dar um sorriso. Mas aí o que faço depois do sorriso? Faço cara de paisagem até chegar mais perto e trocarmos sorrisos amarelos junto com o inevitável "Oi" ou fico olhando pra ela desde já? Vai pensar que sou maluca, ou que estou dando em cima dela. Não, não. Mas que droga, vou cruzar com ela agora e não parei de olhar pro chão! Vou fingir que não vi mesmo."

- Oi, Aline. Tudo bom? *sorriso amarelo*
- Oi, hehe. *sorriso amarelo*

E então continuo andando como se aquilo fosse muito natural.
Outra coisa que me faz pensar é esse "Tudo bom?". Acho que 90% das vezes que escutamos ou dizemos isso, não estamos nem um pouco interessados em saber como a pessoa está mesmo.
Fico até imaginando num desses encontros fortuitos entre conhecidos, o seguinte diálogo:

- Oi. Tudo bom?
- Não, hehe.

Gostaria de experimentar isso algum dia só para ver a reação da outra pessoa.

domingo, 27 de junho de 2010

3:52
Depois de muito relutar, ela decidiu ir pra cama. Sabia que não seria uma tarefa fácil.

Já deitada, fitava o teto, ainda tentando acostumar os olhos a escuridão. Apesar da hora e do cansaço no corpo, ela não estava com sono. Na verdade, sua mente estava bem agitada. Uma confluência de imagens e pensamentos se juntavam em sua cabeça, deixando-a desperta. E era quase sempre assim.
Talvez seja culpa do momento. O silêncio, a escuridão e aquele sentimento de que só existe você em todo universo e mais nada. Aquilo sempre a deixava um pouco tensa.
Começou a pensar no ato que estava ali disposta a fazer: dormir. Por que essa tarefa tão simples parecia tão difícil pra ela?
- Pra que dormir? Precisamos descansar e repor energias, é claro. Mas não seria muito melhor se não precisássemos disso? Digo, uma ou duas horas tudo bem. Mas 8, 9 horas em cima de uma cama, sem estar ciente do que está acontecendo comigo. É como se aquelas horas nem existissem na minha vida. Além do mais, qual a garantia que eu tenho que ao adormecer, eu irei acordar amanhã? E se eu morrer durante o sono? Vou deixar de existir sem dar nenhuma satisfação a mim mesma - então reclamou consigo por estar pensando naquilo na pior hora possível.

4:25
Começou a pensar sobre o que gostaria de fazer durante o dia seguinte. Ela tinha uma capacidade incrível de planejamento. Só que com um sério problema: nunca consegue cumprir. E a teoria sem a prática acaba sendo uma qualidade nula, neste caso. Mas mesmo assim ela continuava planejando tudo. Talvez na ilusão de que dessa vez vai conseguir ou só por costume mesmo.
Alguns minutos depois, ouviu um barulho. Não sabia de onde vinha, nem o que era.
- O que seria isso?
Milhões de pensamentos ruins passaram pela sua cabeça. Cenas cruéis demais para serem exploradas naquele momento. Estremeceu. Mas não era nada. Definitivamente, aquela garota não foi feita para a noite.

4:53
Suas costas já estavam doendo de tanto se virar na cama, buscando uma boa posição para dormir. A sensação de solitude ainda permanecia e as horas pareciam não querer passar. Ela continuava inquieta, mas pelo menos já dava sinais de sonolência. Bocejava com frequencia.

Até que, finalmente, o sol começou a nascer. A escuridão foi se dissipando e os primeiros raios começaram a clarear o ambiente. O silêncio foi quebrado pelo canto dos pássaros. A inquietude que a acometeu durante toda a madrugada deu lugar, então, a um sentimento de paz e calmaria que só a aurora pode trazer. Pensou seriamente em dar uma olhada no nascer do sol, mas lembrou das grades da janela que dificultariam uma boa visão. Ficou triste, mas antes que pudesse ter qualquer outro pensamento, o sono começou a tomar conta dela. Esqueceu a tristeza, e até de si mesma para entrar naquele estado onírico, não sem antes ter um pequeno delírio quase inconsciente.
- Espero que eu não acorde em forma de barata - pensou, segundos antes de adormecer, fazendo-a, minutos mais tarde, sonhar com um monte de baratas.
Só me faltava essa, Kafka.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

1. Compor uma música
2. Voltar a praticar Kung Fu (ou qualquer outra arte marcial de meu interesse)
3. Falar francês
4. Pintar meu cabelo de vermelho
5. Aprender a assobiar Bolero (de Ravel) completamente
6. Me formar como engenheira eletrônica (deus é +)
7. Assumir meus problemas emocionais e fazer terapia
8. Parar de fazer coisas malucas e estranhas que me fazem achar que tenho TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo), como tocar com a mão em algum objeto e sentir a necessidade de continuar tocando até alguma força dentro de mim dizer que já é suficiente D:
9. Acampar e comer mashmallow ao redor de uma fogueira
10. Fazer um recital tocando flauta transversal (e/ou tocar em alguma orquestra rs)
11. Construir um robô
12. Aprender a dar um salto mortal (se eu conseguir dar estrelinha direito já tá valendo, ok? )
13. Montar uma banda de jazz/rock progressivo/chorinho/algum som experimental
14. Ler 1/3 dos livros que eu gostaria de ler
15. Desenvolver habilidades telecinéticas (sim, eu sempre quis ser a Jean Grey do X-Men)
16. Participar de um musical (ou pelo menos um flash mob, vai?)
17. Fazer trilha e tomar banho de cachoeira
18. Viajar pra Paris na primavera
19. Entrar num taxi e exclamar pro taxista, enquanto aponto pra frente: "siga aquele carro!"
20. Esquiar
21. Arrumar um namorado que dure mais de 4 meses (tá difícil, hein?)
22. Acordar todo dia antes das 10h
23. Comprar um telescópio (e fazer observações fora da minha casa, óbvio)
24. Aprender a cozinhar (viver só de pipoca, brigadeiro e ovo frito não dá, ne?)
25. Assistir toda a filmografia do Woody Allen
26. Transar com um completo desconhecido e depois, enquanto fumo um cigarro, perguntar: "foi bom pra você?" (ok, a parte do cigarro foi só pra dar um glamour, mas eu dispenso rs)
27. Aprender a gostar de verduras e saladas
28. Zerar Tetris (rsssssssss)
29. Fazer uma pintura cubista
30. Realmente entender a Teoria da Relatividade.


Nota: Inspirado no blog Inexplicable

sábado, 15 de maio de 2010

- Eu sou uma pessoa feliz?
Não é de hoje que me vem a cabeça esse tipo de questionamento e que ainda permanece uma incógnita pra mim. Presumo que muitas pessoas, ao se perguntarem sobre isso - ou serem questionadas por outrem - tenham uma resposta precisa e cheia de convicção. Bem, não é o meu caso. O máximo que eu consigo arriscar é um "não sei".
Pra falar a verdade, o que é exatamente ser uma pessoa feliz? Acho que sou sensata o suficiente para não achar que felicidade é ter tudo que você deseja e viver em quase constante alegria. Isso não existe nem pra crianças, que teoricamente tem menos preocupações.

As vezes me surpreendo quando minha mãe joga na minha cara que "minha vida é muito boa".
E olhando de fora, realmente eu poderia me considerar uma pessoa de sorte. Não passo necessidades - pelo contrário, vivo com um razoável conforto; minha família é estável; não tenho sérios problemas de saúde - até onde eu sei; não tenho filhos pra criar; não trabalho; faço coisas que gosto; tenho alguns bons amigos, ou seja, se eu dissesse que sou uma pessoa infeliz ninguém iria entender.
Dessa mesma forma, também poderíamos dizer que pessoas muito pobres são infelizes.
- Aline, você está condicionando felicidade ao nível socio-econômico?
De fato, acho que tem muita relação. Mas não estou condicionando. À princípio, é difícil de acreditar que uma pessoa que viva abaixo da linha de pobreza seja uma pessoa feliz. Mas como eu realmente posso medir isso?
As vezes eu tenho a impressão de que pessoas mais pobres, com um pensamento mediano, de preferência acompanhadas de uma forte religião, são pessoas mais felizes do que eu.
Sim, meu amigo. Estou falando do porteiro do seu prédio, de Dona Maria, mãe de 5 filhos que lava as roupas da sua casa, de seu Zé que engraxa sapatos como ninguém, estou falando de pessoas simples, que passam ou já passaram por diversas dificuldades na vida, mas que sempre estão com um sorriso estampado no rosto.
O fato é que eu nunca vi falando de um pobre que se suicidou. Alguém já? Sério, isso soa meio idiota, mas parece que essas pessoas tem uma força maior, se apegam e encaram a vida como ninguém.
Talvez eu seja meio depressiva mesmo, ou talvez eu esteja falando de coisas que nem sei ao certo, mas eu realmente acho que felicidade é uma coisa muito relativa. Algumas pessoas conseguem se sentir satisfeitas, seja por se apegarem a uma crença, ou por terem esperanças demais, ou por já estarem acostumadas a sofrer e se contentarem com "pouco", ou até mesmo por não terem um olhar crítico da vida.
Outra coisa que me faz não saber se sou feliz é que eu nunca passei por momentos extremamente difíceis. Então, será que eu me acostumei com minha "boa sorte" e agora ela não significa nada pra mim? De que adianta uma boa infra-estrutura se você não tem noção do significado disso? Talvez meus momentos de alegria sejam ordinários e talvez meus momentos de tristeza não sejam nada comparado ao que outras pessoas sentem. E se minha indiferença cotidiana for a própria felicidade?

Pra finalizar, acredito que, de um modo geral, ser feliz é ter mais momentos de bem-estar, paz interior, satisfação, do que momentos ruins.
Ou seja, está ligado a vários aspectos da sua vida, como realização profissional, dinheiro, saúde, mas não depende apenas disso. Uma pessoa pode estar à beira da morte e ser feliz, afinal, cada um encontra a felicidade de forma diferente. Tudo depende do olhar que você direciona a vida.

quarta-feira, 12 de maio de 2010




Algo assim.

terça-feira, 11 de maio de 2010

Sabe quando você sabe que está na merda, mas não consegue sentir isso? Pois bem, eu sei. Fica uma sensação de pranto contido porque você sabe que deveria estar muito mal, chorando, talvez, mas não sente nada. Está anestesiado.
Aí vocês podem falar:
- Mas Aline, isso não é bom?
E eu vos direi:
- Não.
Primeiro porque não é exatamente sem sentir nada, é uma sensação estranha de vazio num momento evidentemente ruim. Segundo porque pode chegar de repente. E aí, meu amigo, você desaba.
Já tive o desprazer de sentir isso algumas vezes. Na verdade, estou sentindo agora. Esperando ansiosamente a minha queda que ainda não veio. Se é que vem.
Eu não vou falar o que aconteceu, mas não foi algo grave. Só que foi um momento ruim, e eu acho que deveria ter chorado.
À propósito, grande parte dos meus problemas recentes - inclusive o que aconteceu comigo hoje - são culpa minha e o motivo disso tudo tem um nome. Se chama "procrastinação".
Pra quem não sabe, procrastinação, de acordo com o dicionário, é você adiar ou delongar uma coisa. Eu definiria como: aquilo que você sabe que tem que fazer, mas não faz porque tem "medo" de começar.
E eu já estou na fase de perceber que está dando tudo errado e não conseguir me corrigir. Parece que é maior que eu, como se eu não tivesse mais controle nas minhas próprias atitudes. Estou começando a ficar com medo de estar assistindo, impotentemente, meu autoflagelo.
[...]
No final do post, eu sempre acho que me excedi. Mas pra que serve esse blog se não, ainda por meio da razão, eu expressar meus delírios? Então aguentem o drama - ou não.

PS: Lembrei de um video maravilhoso que vi algum tempo atrás. É em inglês, mas não é difícil de entender. Diz tudo que eu gostaria de dizer de uma maneira criativa e poética.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Oi. É, eu sei. Faz tempo. O fato é que eu pensei que podia postar regularmente, mas já vi que não é tão simples. Tem que ser espontâneo, tem que ter um estímulo, se não eu fico inerte. Penso em tantas coisas que poderia escrever aqui, mas ou me faltam palavras ou me falta ação mesmo. E também não é só isso, acabei de sair de uma maratona de provas. Exagerei, não foram muitas provas. Foram duas, mas que me tomaram tempo e me desgastaram como se fosse uma maratona. Então o argumento é válido. Enfim, acho que poderei ter mais paz agora.
Outra coisa boa do fim do período de provas é que eu posso me dedicar a atividades mais triviais e prazerosas sem me sentir culpada - por estar perdendo tempo de estudo. Então comecei a ler um livro ontem, livro de história. Encasquetei com isso, acho que a história do ensino médio não foi suficiente.
Pois bem, ainda tô no começo e estava falando sobre os hominídeos, como se organizavam, caçavam, e se adaptavam a diferentes regiões. Por serem grupos nômades, muitas vezes desbravavam terras desconhecidas e tinham que enfrentar leões, elefantes, leopardos. Quando nasciam bebês gêmeos, costumavam matar um deles e abandonavam os idosos que já não podiam andar para morrerem sozinhos.
Cara, isso soa tão cruel, não? Apesar de já fazer milhões de anos - sim, milhões - e de ser algo natural, como o instinto de sobrevivência, eu não consigo deixar de sentir uma ponta de horror ao ler esse tipo de coisa. Tudo culpa dessa nossa mania de humanização. Mas veja só, eles eram seres humanos também. Só tentavam sobreviver. E deu certo - ou não.
As vezes tenho a impressão de que estamos nos esquecendo que, com toda desgraça, ainda somos animais - pois é, ainda fazemos parte da natureza. O pensamento de se alimentar, reproduzir e sobreviver parece ser secundário nas preocupações do dia-a-dia, mas ele está lá.
- "Será que consigo tirar nota boa nessa prova?"
- "Preciso de um vestido novo para a festa! E agora?"
- "Minha namorada me deu um fora. Não sei o que faço mais da minha vida".
Quando eu tenho uma visão mais geral da vida, esses problemas me parecem tão risíveis! A vida é tão efêmera, e pode ser ceifada a qualquer momento. Você, caro leitor, já parou realmente pra pensar no impacto disso tudo? Você, assim como eu, se preocupa tanto com problemas diários e vicissitudes, quando, no final, somos apenas saquinhos de carne aleatórios, arranjos moleculares de carbono, tão irelevantes para o universo como as planárias, como os protozoários, quanto uma pedra, quanto um grão de poeira, quanto nada.
Ok, esse post está começando a assumir um ar, no mínimo, pessimista. Para não dizer paranóico. Mas calma, é só uma reflexão mesmo. Ninguém deve - nem vai - parar sua vida e deixar de dar importância aos problemas diários por causa disso. Mas nesses momentos metafísicos, eu tento comparar as minhas preocupações com toda incógnita que é o universo e vejo como dou importância a besteiras diante da imensidão da vida. Então assim, a lição que fica pra mim - e que estou compartilhando aqui - é a seguinte: viva sua vida, aproveite os momentos e não se perca em pensamentos restritos afinal, a qualquer momento você pode tropeçar e bater a cabeça no meio-fio. E pode ser grave. E pode ser fatal. E você pode não ter vivido nada do que sonhou. E suas preocupações realmente não terão mais a mínima importância. Cruel? Não, natural.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Oi. Como vai você? (rs)
Bom, é o seguinte. Eu inaugurei esse blog há duas semanas atrás e desde então algumas pessoas vem me pedindo/cobrando novos posts. Só que a minha idéia era manter o estilo da postagem inicial, ou seja, texto narrativo em terceira pessoa. Infelizmente eu não sou escritora (rá!) e esse tipo de texto exige muito de mim. Então se eu fosse esperar bater uma inspiração, poderia demorar muito mais tempo. Cansada de ser uma blogueira-de-um-post-só, eu decidi quebrar essa regra e escrever coloquiamente sobre qualquer coisa que eu tiver interesse, em primeira pessoa mesmo. É mais fácil e garante uma frequência maior de postagens (ou não). Mas se algum dia bater uma inspiraçãozinha, nada me impede de voltar ao estilo anterior (eu gosto muito de escrever daquele jeito), ok?
Ah sim, também vou poder indicar sites, comics, músicas, vídeos, enfim, coisas que eu ache legal. Vai perder o ar de pseudocult, mas vai ficar mais interativo rs.


1, 2, 3 e já!


Sabe aqueles dias que você acorda e quando se olha no espelho se surpreende com uma beleza irregular que não sabe de onde veio? Pois bem, aconteceu isso comigo segunda-feira.
Eu fui dormir de 5h30min estudando pra prova de Cálculo 4 e acordei de 7h ( bati meu record!) mais disposta que o normal até. Me olhei no espelho e...
- cabelo legal, olheiras grandes, mas ok...gostei!
Como pode? Eu fui dormir com cara de acabada e acordo me achando sexy. Vai ver o que mudou mesmo durante o sono foi meu bom senso rs.
Mas enfim, adoro quando isso acontece. Me sinto motivada, como se tudo fosse dar certo durante o resto do dia. Infelizmente costuma ser só um sentimento mesmo. Alguns minutos depois, estava eu atrasada, pra variar, na parada de ônibus tomando banho de fumaça e perdendo a chamada da primeira aula. Não tem sex appeal que aguente.
Quando finalmente peguei o ônibus, acabei sentando bem perto do cobrador - o único lugar disponível. Ele era um homem corpulento, muito feio, com cara de mal-humorado que mais parecia um vogon. Logo mais, subiu uma moça que começou a conversar com ele. Creio que fosse alguma amiga/paquera/affair, pois ele mudou totalmente. Começou a rir e gesticular vivamente. Teve uma hora, então, que ele começou a gargalhar. Uma risada rouca, feia. Tentei ignorar aquilo tudo por alguns momentos. Até que de repente, não mais que de repente, ele se vira um pouco pro meu lado e uma gotícula de saliva da boca dele cai na minha cara. [...]
Cara, que asco! Talvez pareça exagero, mas foi muito nojento. Pior que isso acontece com uma certa frequencia, ne? Quem nunca, ao sentar na primeira fila da sala de aula, levou uma cuspida de um professor? Mas na cara é cruel. E eu já estava achando aquele cara "disgusting" por si só, imagina cuspindo em mim?!

Mudando de assunto, ontem eu comentei no twitter que ia deletar meu formspring se, em 24 horas, não recebesse nenhuma pergunta interessante. Algumas horas depois, tinha umas 9 perguntas! Muitas delas até interessantes.
Queria saber quem as mandou. Você(s), que mandou alguma pergunta pro meu formspring ontem e por ventura está lendo o blog, identifique-se, por favor.
Para quem pensou:
- ai, formspring é tão coisa de desocupado!
Bem, é verdade. Não tem serventia e a maioria das perguntas que lhe (me) fazem tem muita sacanagem. Então se você não tem paciência ou senso de humor, não faça um. Mas sei lá, eu gosto de responder algumas perguntas. Então enquanto tiver gente legal por lá, eu continuo.

Gente, meu cachorro está doente. Ainda não sei o que ele tem, mas ele está muito estranho. Essa noite eu fui dormir morrendo de pena. Ele estava se tremendo todo, como se estivesse com frio. Acho que passou a noite quase toda assim. É de partir o coração (animais são meu ponto fraco).
Eu fiquei um tempão do lado, alisando a barriga dele, com medo e sem saber o que fazer. Fiquei imaginando quando for o meu filho (se é que eu vou ter um filho). Esses momentos são meio estranhos, parece que algum sentimento materno lá no fundo é ativado (oi?) e você quer proteger de qualquer forma aquele ser tão inocente.
Mas enfim, amanhã vou levá-lo no veterinário de qualquer jeito.

Pra finalizar, pontos altos da semana:

1. Alguém conhece o Marcos Veras? Ele é do Zorra Total e, apesar disso, ele é engraçado. Assim, não é nenhuma revolução no stand-up comedy, mas eu ri um bocado. Detalhe: ele não parece o John Cusack?! Eu achei.

2. Se você, caro leitor, assim como eu, curte humor negro, o PBF Comics vai ser um prato cheio. Eu rio de coisas assim! rs

3. Ontem, no ônibus, ouvi uma mulher no telefone que disse:
- Tá bom, fulana. Haha, já vou, visse? Câmbio, desligo!
Ela falou sério, gente.
À propósito, já repararam como o ônibus é um laboratório rico em experimentos?

Bem, acho que é só isso. Eu tô achando esse post uma merda, mas vai ficar desse jeito mesmo.
Tentarei melhorar no próximo. Até lá.

segunda-feira, 29 de março de 2010

17h53min. Ela andava apressadamente por entre as várias ruelas do centro da cidade do Recife. Apesar da aparente exaustão de um dia que começou cedo demais para seus padrões e de estar carregando três livros - que pareciam, naquele momento, ser muito mais pesados do que realmente deviam ser - na mochila em suas costas, ela apressava cada vez mais o passo. Além disso, as ruas estavam mal iluminadas e mesmo com o razoável fluxo de pedestres, era um tanto perigoso estar andando aquela hora sozinha por ali. E ser assaltada, definitivamente, não estava em seus planos. Continuou a apressar-se.
Dobrou uma esquina e logo avistou uma igreja com as portas abertas. Estava havendo uma missa, ou algo do tipo e podia-se ouvir algumas pessoas lá dentro entoando algum cântico incompreensível. Ela, obviamente, deu uma espiada. Talvez por nunca ter estado muito presente em sua vida, a liturgia católica ainda despertava certa curiosidade nela. Viu a imensa abóbada que cobria o interior da igreja, algumas pessoas ajoelhadas perto do altar e um homem com uma túnica branca com um ar bastante sacro.
- Bizarro - disse pra si mesma.
Deu de ombros. E continuou a apressar o passo.
Mais algumas esquinas e finalmente desembocou na Av. Conde da Boa Vista.
Não conseguiu conter seu desconforto ao ver aquelas centenas de pessoas se movendo freneticamente para todos os lados e o enorme número de ônibus que se agrupava em fila indiana anunciando um trânsito provavelmente caótico. Vendedores ambulantes gritavam frases semi-indecifráveis e pessoas se acotovelavam nas paradas de ônibus. Ela se sentiu num formigueiro. Pior, em um formigueiro em plena revolução, se é que existem formigas revolucionárias - elas são tão organizadas.
Respirou fundo. Se arrependeu. Quase podia sentir a fuligem entrando em suas narinas e se impregnando em sua pele.
- Droga - lamentou ela.
De repente, teve uma idéia inesperada.
- Vou cantar! - exclamou, surpreendendo-se consigo.
Começou, então, a entoar baixinho alguns versos da primeira canção que lhe veio a cabeça.
- "Michelle, ma belle..."
Parou e percebeu que tinha esquecido a letra.
Tentou puxar da memória algo melhor. Veio. Mas sabia que seria constrangedor cantar aquilo com várias pessoas passando ao seu lado na calçada.
- Foda-se - disse ela, decidida.
Pigarreou e preparou a voz para a nota que tentaria atingir em seguida.
- "The hills are alive with the sound of music..."
Não cantou muito alto, mas foi o suficiente para atrair um ou dois olhares. Se sentiu um pouco ridícula, mas continuou firme com o resto da música que sabia de cor.
Enquanto cantava, o vento batia carinhosamente em seu rosto, e apesar de na sua paisagem só haver asfalto, por um momento, ela começou a sentir que podia trazer as montanhas, rios e pássaros austríacos para lá.
Sorriu com seu delírio. Ela realmente gostava de fazer isso.
 

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